As nossas escolas são os espaços que construímos para acolher e proteger
o que de mais precioso temos na vida: os nossos filhos, as nossas crianças!
Definimos estratégias e confiamos nos professores para que os apoiem e
orientem no seu crescimento e na aquisição de competências, e em toda a
comunidade educativa para que os protejam e os acompanhem no seu
desenvolvimento a todos os níveis. É assim que evoluímos e crescemos,
identificamos o que está errado e procuramos novas soluções.
E neste momento, a nossa Escola, precisa de novas soluções. O ensino não
está ajustado às necessidades das nossas crianças, o professores não têm a
autonomia, as condições e muitas vezes a formação que precisariam para dar
resposta às solicitações. As questões logísticas e burocráticas sobrepõem-se às
pedagógicas e os resultados medem-se em valores de avaliação e não em real
aquisição de competências.
As nossas crianças não estão felizes, os nossos professores não estão
felizes, os pais não estão felizes e.... o medo continua a ser mais forte do
que a coragem de tentar fazer diferente. De uma forma ou de outra, porque a
responsabilidade é grande, ninguém quer assumir mudar. De uma forma ou de
outra, todos nos esquecemos que a escola que temos é da nossa responsabilidade
e, se não serve às nossas crianças, somos nós pais e comunidade educativa que
estamos a falhar.
Tenho a consciência que é difícil e que não há uma solução instantânea
para resolver todos os problemas de uma vez mas tenho a absoluta convicção de que
é preciso começar a agir. Identificar realmente os problemas e intervir.
Partilhar estratégias, fazer consistentemente as mudanças possíveis, ao ritmo
possível, com metas claras e bem definidas:
É preciso redefinir que competências e conhecimentos são realmente
importantes transmitir, em que idades e sob que forma e que ritmo. O que é que
realmente permite que a criança se desenvolva e que a faz procurar ela própria
o conhecimento e a informação. É necessário nos alinharmos com o que é inato no
ser humano para potenciar o seu desenvolvimento. E desenvolver o stress de
sucessivas provas de performance da memória de curto prazo não é, como todos
sabemos, uma solução.
É preciso que os professores, pais e comunidade educativa estejam alinhados
para que os professores possam sentir a legitimidade e confiança que é
essencial para que façam o seu trabalho.
É preciso readequar o papel da escola na comunidade e o da comunidade na
escola. Sabemos que a escola é também um espaço de apoio e proteção das
crianças na ausência dos pais enquanto trabalham. Dentro desse espaço temporal,
é preciso diferenciar momentos e criar espaços de liberdade e lazer sem
compromissos e obrigações.
O desafio é grande, mas se cada um der o seu contributo conseguiremos
seguramente fazer diferente.
Acredito que é urgente e fundamental fazer uma mudança estrutural.
Procuro pessoas que se queiram juntar para fazer o mesmo.
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